A terminar a noite, sobe à passerelle a nova colecção Outono/Inverno de Ana Salazar, que assim regressa às edições nacionais do Portugal Fashion, após participações em 2000 (Porto), 2001 (Funchal e Porto), 2002 (Figueira da Foz e Porto) e 2003 (Figueira da Foz). Aquela que é uma das maiores referências da moda nacional também fez desfilar as suas colecções com o apoio do Portugal Fashion na 7th on Sixth Fashion Week, em Nova Iorque (2000 e 2001), bem como em São Paulo, já em 2010. Agora, Ana Salazar vai dar a conhecer a colecção “Questionar Valores”, onde predominam o negro, o dourado velho, o terra, o verde floresta, o roxo púrpura, o vermelho sangue e o branco. Ao nível dos materiais, a estilista optou por rendas, feltros, lãs frias, encanastrados, tecidos com acabamentos lacados e “aborrachados”, cetins, musselines e veludos em printings de temas religiosos e florais.
Ana Salazar revolucionou a moda portuguesa quando, nos anos 70, introduziu novos conceitos estéticos no universo do pronto-a-vestir nacional e organizou eventos para apresentação de colecções, à semelhança do que se fazia lá fora. Daí à consagração, nacional e internacional, foi um passo muito curto. Logo em 1978 criou uma marca com o seu nome, cujas peças passaram a ser comercializadas em lojas próprias e pontos de venda quer em Portugal, quer no estrangeiro. O sucesso internacional foi, de resto, consolidado com a abertura, em 1985, de uma loja/showroom em Paris, tendo o espaço da criadora sido considerado, pela revista Marie Claire francesa, como um dos “Novos Templos da Moda”.
A partir do final dos anos 80, Ana Salazar começa a apresentar, sazonalmente, as suas colecções em Lisboa, Paris, Milão e Nova Iorque. Entretanto, lançou uma linha de perfumes com o seu nome (homem e senhora) e a “linha maison”. Em 1997 é agraciada pelo Presidente da República, Jorge Sampaio, com a Condecoração de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique. Já nesta década desenvolve a colecção de óculos ópticos Eyewear Ana Salazar, expande a sua rede de lojas, cria uma linha de jeans e lança uma linha de têxteis-lar, entre outras actividades relevantes. Em 2009, um grupo de investidores liderado por João Barbosa e Luís Aranha entrou no capital do grupo Ana Salazar, com o objectivo de expandir a marca a nível nacional e internacional. Ana Salazar continua, porém, como accionista e directora artística do grupo.
Concluído o primeiro dia de desfiles, os estilistas consagrados cedem a passerelle aos novos designers Andreia Filipa Oliveira, Fernando Lopes, Hugo Veiga e Luciana Teixeira, que integram o desfile colectivo Jovens Criadores, agendado para o início de sábado, dia 20. Refira-se que estes quatro jovens são os finalistas do Concurso de Design de Moda organizado pelo Portugal Fashion e, por isso, foram seleccionados para participar nesta 26.ª edição, onde vão ter a oportunidade de mostrar o seu talento.
O programa do 26.º Portugal Fashion prossegue, no sábado, com outro desfile colectivo, nesta caso dedicado ao calçado. Uma vez mais organizado em parceria com a APICCAPS – Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes e Artigos de Peles e seus Sucedâneos, o desfile inclui oito marcas de um dos sectores mais competitivos da economia nacional: Atelier do Sapato, Chocolate Negro, Dkode, Fly London, Goldmud, Nobrand, Stiletto e Y.E.S. Desta forma, o Portugal Fashion continua a cobrir as várias vertentes da Fileira Moda e a promover o seu cruzamento em passerelle.
Seguem-se diversos desfiles individuais, onde pontificam as marcas Lion of Porches, Red Oak e Dielmar, o designer de calçado Luís Onofre, a irreverente dupla Storytailors e os criadores Luís Buchinho e Fátima Lopes. A Lion of Porches vem apresentar a sua nova colecção de sportswear, habitualmente refinado e de forte inspiração britânica; a equipa de design da Red Oak promete propostas baseadas no conceito “nómada urbano”; a Dielmar inspirou-se no filme “Chicago” para criar as suas peças de alta alfaiataria. Já Luís Onofre propõe a colecção “Artic Travel”, onde se destacam as botas para senhora. “Modelos de saltos vertiginosos contrastam com botas rasas, num acentuado e requintado look vintage”, avisa o designer. Mas a grande novidade do seu desfile são as malas de viagem, “ricamente ornamentadas, com detalhes apurados, onde se mistura o prático com luxo e sumptuosidade”.
Fazendo de cada desfile uma coreografia encenada ao pormenor, os Storytailors trazem à passerelle do Portugal Fashion a colecção “Gentlewomen”. Casacos (sobretudos, invernosas, robe-manteaux, blazers e boleros), vestidos (para dia e noite), tops (camisas, espartilhos e outros) e saias e calças com diferentes silhuetas são as peças que povoam o conjunto de propostas da dupla. Na colecção outonal dos Storytailors, as cores derivam da paleta da bandeira nacional (vermelhos, rosas, bordeaux, amarelo, caramelos, cremes, chás, verdes, azul-escuro, preto e branco), enquanto nos materiais predominam as lãs, os algodões, as fazendas, as sedas e os novos tecidos (popeline de algodão com acabamento encerado).
Questionar valores
cores
Negro; dourado velho; terra; verde floresta; roxo púrpura; vermelho sangue; branco.
matérias
Rendas; feltros; lãs frias; encanastrados; tecidos com acabamentos lacados e “aborrachados”, cetins; musselines; e veludos em printings de temas religiosos e florais.
Contactos
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