Domingo, 4 de Março de 2007
Luis Onofre apresenta linha de sapatos para senhora
Dourados, vermelhos, castanhos e veludos esta foi a primeira parte do desfile de Luís Onofre que ofereceu aos espectadores do Portugal Fashion um exercício de virtuosismo sobre as variantes que as botas, botins, sapatos e malas podem ter.
O preto dominou, porém, a fase seguinte do desfile em toda a sua simplicidade e elegância.
Neste desfile, um que mais louvou a sensualidade da mulher, Luís Onofre fez desfilar as modelos apenas de casaco, botas e mala ao ombro.
Levando alguns conceitos ao extremo, o criador apresentou um malão vermelho de pele de crocodilo, uma mala tão pequena que apenas cabia o telemóvel (uma pequena obra de arte já que a corrente a tiracolo era feita de pequenos berloques pretos brilhantes) ou ainda umas botas de cano tão alto que passava em largos centímetros os joelhos.
Tendências? Essas são para todos os gostos, com excepção de um pormenor os sapatos este Outono/Inverno, segundo Luís Onofre querem-se altos, muito altos. Definitivamente não o ideal para as mulheres que gostam (e todas elas gostam) de calcorrear as lojas do Chiado.
Na sua mestria, o criador apresentou algumas variações de um mesmo conceito: pequenas correntes douradas que podiam ligar o tornozelo ao salto agulha ou percorrer o cano alto de uma bota. E porque a moda é feita de pormenores, Luís Onofre encontrou forma de replicar algumas aplicações das botas em braceletes ou gargantilhas.
Pelas reacções do público feminino, as botas têm sucesso garantido. E não apenas em Portugal já que Luís Onofre tem agentes comerciais a representar a sua marca em França, Alemanha, Grécia, Holanda, Itália, Dinamarca, Suécia, Noruega, EUA, Israel e Canadá.
E nem mesmo a vizinha Espanha fica indiferente à sua arte. A princesa Letizia Ortiz foi calçada pelo estilista português nas suas três primeiras apresentações oficiais.
Storytailors contam uma história de uma "enfant terrible"
A passerelle vazia e imaculada aguarda a primeira menina. A música vai subindo de tom num prenúncio de um conto infantil. Ela passa de chupa-chupa na mão com os seus longos cabelos loiros escorridos. Para este desfile os Storytailors guardaram um conto da mulher criança, do bem e dom mal. Das meninas inocentes de folhos e laços, casinhas de bonecas e ursos de peluche, o desfile evolui para a sensualidade do quase macabro. João explica, ao Sapo, que a inspiração foram os filmes de terror dos anos 80 onde Carry e o Poltergeist espalhavam uma inocência malévola.
Os cabelos louros escorridos e os collants brancos dão lugar ao seu oposto: cabeleiras, olhos e collants pretos. A criança mimada é substituída pela ‘enfant terrible’.
Os Storytailors apresentaram uma colecção que vive de pormenores, flores de tecido que substituem os botões das mangas, as fitas que terminam em laços perfeitos, sapatos de flores coloridas, mangas de balão, capelinas recortadas.
Os criadores são contra a ditadura da moda, da obrigatoriedade dos criadores apresentarem duas colecções por ano, que na sua opinião o mercado não está pronto para absorver por isso terminaram o desfile com faixas anti-fashion
No entanto, os criadores garantiram ao Sapo que as vendas da sua marca vão de vento em popa – tendo o site da marca desempenhado um papel fundamental para a divulgação junto do público. Para Abril já está programada a abertura de uma loja no Chiado, avançou a dupla criadora que está cheia de projectos. A criação do guarda-roupa para a peça "Ricardo II", que vai estrear no Teatro D. Maria e estamos também a fazer o guarda-roupa para a Companhia Nacional de Bailado Contemporâneo que vai estrear em Nova Iorque que é "Sete Sonhos de Pássaros".
Júlio Torcato desenha fardas para a CMP
O criador Júlio Torcato fez um dois em um no Portugal Fashion ao apresentar, antes da colecção de Outono, as fardas oficiais para o Rally Grande Prémio do Porto. A colecção de Outono foi feita ao som dos Fingertips que se apresentaram na passerelle para acompanhar o desfile. A voz inconfundível de Zé Manel ecoou no CACE Cultural do Porto e acompanhou uma colecção masculina destinada a um homem moderno e que gosta de inovar nos momentos mais casuais. A presença dos Fingertips, “tem a ver com a ligação à banda pois fizeram toda a promoção do último disco com roupa minha”, explicou Júlio Torcato. A vontade e hábito de fugir ao que é normalizado leva o criador a uma procura constante de novas tendências. Por isso mesmo, afirma, “esta é uma colecção anti-globalização porque a globalização torna todos iguais e a roupa desenhada por mim faz essa diferença” A colecção de Outono de Júlio Torcato tem duas inspirações. “Nos anos 80, no corte e na forma, e ao mesmo tempo é misturado com uma silhueta mais rockstar, mais justa. O denim é um ícon das minhas colecções, também aparece aqui, e isto traduz-se na procura de uma silhueta nova, de futuro, com recurso também a alguns materiais mais técnicos.
Paulo M. Guerrinha