A passerelle vazia e imaculada aguarda a primeira menina. A música vai subindo de tom num prenúncio de um conto infantil. Ela passa de chupa-chupa na mão com os seus longos cabelos loiros escorridos. Para este desfile os Storytailors guardaram um conto da mulher criança, do bem e dom mal. Das meninas inocentes de folhos e laços, casinhas de bonecas e ursos de peluche, o desfile evolui para a sensualidade do quase macabro. João explica, ao Sapo, que a inspiração foram os filmes de terror dos anos 80 onde Carry e o Poltergeist espalhavam uma inocência malévola.
Os cabelos louros escorridos e os collants brancos dão lugar ao seu oposto: cabeleiras, olhos e collants pretos. A criança mimada é substituída pela ‘enfant terrible’.
Os Storytailors apresentaram uma colecção que vive de pormenores, flores de tecido que substituem os botões das mangas, as fitas que terminam em laços perfeitos, sapatos de flores coloridas, mangas de balão, capelinas recortadas.
Os criadores são contra a ditadura da moda, da obrigatoriedade dos criadores apresentarem duas colecções por ano, que na sua opinião o mercado não está pronto para absorver por isso terminaram o desfile com faixas anti-fashion
No entanto, os criadores garantiram ao Sapo que as vendas da sua marca vão de vento em popa – tendo o site da marca desempenhado um papel fundamental para a divulgação junto do público. Para Abril já está programada a abertura de uma loja no Chiado, avançou a dupla criadora que está cheia de projectos. A criação do guarda-roupa para a peça "Ricardo II", que vai estrear no Teatro D. Maria e estamos também a fazer o guarda-roupa para a Companhia Nacional de Bailado Contemporâneo que vai estrear em Nova Iorque que é "Sete Sonhos de Pássaros".