Luís Buchinho regressa também ele às edições nacionais do Portugal Fashion, dado que a sua última participação no evento remonta a Setembro de 2008 e ainda em parceria com a marca Jotex. Mas, ao longo destes 15 anos, o criador é dos que acumula um maior número de presenças no Portugal Fashion e foi até com o apoio deste evento que Luís Buchinho participou, em Março de 2010, na Paris Fashion Week. De resto, a colecção prevista para o Portugal Fashion é, justamente, uma homenagem aos 20 anos de carreira do estilista. Trata-se de “um núcleo forte de peças apelativas a um grande conforto, onde a componente prática está omnipresente”, diz o seu autor, acrescentando que predominam as “geometrias modulares” numa colecção maioritariamente de malhas.
A noite de sábado encerra, como habitualmente, com o desfile de Fátima Lopes, que desta feita nos oferece a “sua visão do Grande Norte. Uma visão futurista de um Grande Norte ferido por todas as alterações climáticas modernas. O seu Grande Norte aquece-se, já não é branco imaculado e as suas peças não são mais de rigor. Fátima Lopes lança um apelo e mostra-nos, através da sua colecção, os danos do aquecimento global”. Por isso imperam as cores quentes – terra e fogo – e o azul, as golas altas e encorpadas mas abertas (porque já não servem para proteger do frio), os materiais nobres (caxemira, lã, couro, rendas, chiffon e seda) e sapatos extremamente altos e de forma ultrafuturista.
No último dia, domingo, o 26.º Portugal Fashion arranca, às 15h00, com os desfiles dos criadores emergentes Elisabeth Teixeira e Diogo Miranda. “Under My Skin” é o título da colecção de Elisabeth Teixeira, não sendo por isso de estranhar que o “denominador comum” seja precisamente a pele. “Debaixo de uma pele feminina e sensual, descobrimos a criatura orgânica, que se envolve em assimetrias, folhos e sobreposições”, explica a criadora. Já Diogo Miranda dá a conhecer a colecção “Glamazon”, que, segundo o próprio, é “inspirada no deserto” e exibe “um estilo muito individual, sexy, chique e casual, que pode ser transportado para as ruas de qualquer cidade cosmopolita do mundo”. Para senhora é proposta uma conjugação de peças clássicas com peças sedutoras, “num safari ultraglamoroso de Inverno”. Para homem, o criador promete capturar “toda a essência do universo safari e de aventura. Além dos tons de areia, reinam as cores fortes, como o roxo e o azul klein”, acrescenta.
A meio da tarde sobem à passerelle as criações de Júlio Torcato, as quais “são inspiradas nos movimentos pop/rock dos anos 80, com destaque para a estética neopunk e new wave. Esses movimentos são reinventados e adaptados a conceitos mais contemporâneos, inspirados nas subculturas underground de Tóquio”, garante o estilista. Nas cores avultam o preto, o amarelo, o azul royal, o brique e o cinza prata, enquanto nos materiais foram privilegiadas a lã, o algodão, o nylon e a poliamida. Imediatamente a seguir tem lugar o desfile colectivo de marcas, onde a Celtic Jeans, a Concreto, a ID Values e a Orfama expõem as suas propostas para a próxima estação fria.
Na sua terceira participação consecutiva no Portugal Fashion, Carlos Gil tem a responsabilidade de encerrar a 26.ª edição do evento. E fá-lo com a colecção “Florestas Portuguesas”. “Num Inverno que se antevê frio, o estilista aposta em vestidos compridos e curtos, com movimentos registados, de silhueta marcada, e com formas voluptuosas, conjugadas com casacos quentes em caxemira e peles. Suavidade, conforto e elegância caracterizam toda a colecção de inigualável força e sensualidade”, garante o seu autor.
DEMONSTRAÇÃO DE VITALIDADE
“O programa de desfiles desta 26.ª edição é inquestionavelmente de grande qualidade. Com o regresso ao evento de alguns criadores consagrados, o Portugal Fashion demonstra a sua enorme vitalidade e comprova, se tal fosse necessário, a sua imprescindibilidade para a promoção da Fileira Moda nacional”, sublinha o presidente da ANJE, Francisco Maria Balsemão.
A terminar a noite, sobe à passerelle a nova colecção Outono/Inverno de Ana Salazar, que assim regressa às edições nacionais do Portugal Fashion, após participações em 2000 (Porto), 2001 (Funchal e Porto), 2002 (Figueira da Foz e Porto) e 2003 (Figueira da Foz). Aquela que é uma das maiores referências da moda nacional também fez desfilar as suas colecções com o apoio do Portugal Fashion na 7th on Sixth Fashion Week, em Nova Iorque (2000 e 2001), bem como em São Paulo, já em 2010. Agora, Ana Salazar vai dar a conhecer a colecção “Questionar Valores”, onde predominam o negro, o dourado velho, o terra, o verde floresta, o roxo púrpura, o vermelho sangue e o branco. Ao nível dos materiais, a estilista optou por rendas, feltros, lãs frias, encanastrados, tecidos com acabamentos lacados e “aborrachados”, cetins, musselines e veludos em printings de temas religiosos e florais.
Ana Salazar revolucionou a moda portuguesa quando, nos anos 70, introduziu novos conceitos estéticos no universo do pronto-a-vestir nacional e organizou eventos para apresentação de colecções, à semelhança do que se fazia lá fora. Daí à consagração, nacional e internacional, foi um passo muito curto. Logo em 1978 criou uma marca com o seu nome, cujas peças passaram a ser comercializadas em lojas próprias e pontos de venda quer em Portugal, quer no estrangeiro. O sucesso internacional foi, de resto, consolidado com a abertura, em 1985, de uma loja/showroom em Paris, tendo o espaço da criadora sido considerado, pela revista Marie Claire francesa, como um dos “Novos Templos da Moda”.
A partir do final dos anos 80, Ana Salazar começa a apresentar, sazonalmente, as suas colecções em Lisboa, Paris, Milão e Nova Iorque. Entretanto, lançou uma linha de perfumes com o seu nome (homem e senhora) e a “linha maison”. Em 1997 é agraciada pelo Presidente da República, Jorge Sampaio, com a Condecoração de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique. Já nesta década desenvolve a colecção de óculos ópticos Eyewear Ana Salazar, expande a sua rede de lojas, cria uma linha de jeans e lança uma linha de têxteis-lar, entre outras actividades relevantes. Em 2009, um grupo de investidores liderado por João Barbosa e Luís Aranha entrou no capital do grupo Ana Salazar, com o objectivo de expandir a marca a nível nacional e internacional. Ana Salazar continua, porém, como accionista e directora artística do grupo.
Concluído o primeiro dia de desfiles, os estilistas consagrados cedem a passerelle aos novos designers Andreia Filipa Oliveira, Fernando Lopes, Hugo Veiga e Luciana Teixeira, que integram o desfile colectivo Jovens Criadores, agendado para o início de sábado, dia 20. Refira-se que estes quatro jovens são os finalistas do Concurso de Design de Moda organizado pelo Portugal Fashion e, por isso, foram seleccionados para participar nesta 26.ª edição, onde vão ter a oportunidade de mostrar o seu talento.
O programa do 26.º Portugal Fashion prossegue, no sábado, com outro desfile colectivo, nesta caso dedicado ao calçado. Uma vez mais organizado em parceria com a APICCAPS – Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes e Artigos de Peles e seus Sucedâneos, o desfile inclui oito marcas de um dos sectores mais competitivos da economia nacional: Atelier do Sapato, Chocolate Negro, Dkode, Fly London, Goldmud, Nobrand, Stiletto e Y.E.S. Desta forma, o Portugal Fashion continua a cobrir as várias vertentes da Fileira Moda e a promover o seu cruzamento em passerelle.
Seguem-se diversos desfiles individuais, onde pontificam as marcas Lion of Porches, Red Oak e Dielmar, o designer de calçado Luís Onofre, a irreverente dupla Storytailors e os criadores Luís Buchinho e Fátima Lopes. A Lion of Porches vem apresentar a sua nova colecção de sportswear, habitualmente refinado e de forte inspiração britânica; a equipa de design da Red Oak promete propostas baseadas no conceito “nómada urbano”; a Dielmar inspirou-se no filme “Chicago” para criar as suas peças de alta alfaiataria. Já Luís Onofre propõe a colecção “Artic Travel”, onde se destacam as botas para senhora. “Modelos de saltos vertiginosos contrastam com botas rasas, num acentuado e requintado look vintage”, avisa o designer. Mas a grande novidade do seu desfile são as malas de viagem, “ricamente ornamentadas, com detalhes apurados, onde se mistura o prático com luxo e sumptuosidade”.
Fazendo de cada desfile uma coreografia encenada ao pormenor, os Storytailors trazem à passerelle do Portugal Fashion a colecção “Gentlewomen”. Casacos (sobretudos, invernosas, robe-manteaux, blazers e boleros), vestidos (para dia e noite), tops (camisas, espartilhos e outros) e saias e calças com diferentes silhuetas são as peças que povoam o conjunto de propostas da dupla. Na colecção outonal dos Storytailors, as cores derivam da paleta da bandeira nacional (vermelhos, rosas, bordeaux, amarelo, caramelos, cremes, chás, verdes, azul-escuro, preto e branco), enquanto nos materiais predominam as lãs, os algodões, as fazendas, as sedas e os novos tecidos (popeline de algodão com acabamento encerado).
O primeiro dia de desfiles do 26.º Portugal Fashion dificilmente poderia ser mais aliciante. Do line-up constam quatro nomes fortes da moda de autor: Alves/Gonçalves, Anabela Baldaque, Felipe Oliveira Baptista e Ana Salazar.
Refira-se desde logo que o arranque do PORTUGAL FASHION RE-MIXED, no início da noite de sexta-feira, cabe a Manuel Alves e José Manuel Gonçalves, que regressam ao evento dez anos após a sua única participação numa edição nacional. A dupla que se tem distinguido na moda portuguesa pela sensualidade e sofisticação das suas criações integrou, em 2000, o programa do 7.º Portugal Fashion. No mesmo ano (Fevereiro e Setembro de 2000) e no ano seguinte (Fevereiro de 2001), Alves/Gonçalves participaram nos desfiles organizados pelo Portugal Fashion na reputadíssima 7th on Sixth Fashion Week, em Nova Iorque.
A dupla iniciou a sua carreira em 1984, com a abertura da primeira loja no Bairro Alto. No mesmo ano, os dois estilistas criaram a etiqueta Alves/Gonçalves, o que lhes franqueou as portas das grandes passerelles nacionais e internacionais. Para além da presença regular nos palcos da moda portugueses, Manuel Alves e José Manuel Gonçalves realizaram desfiles em Barcelona (Salão GAUDI), Dusseldorf (IGEDO) e Londres (Tradição e Qualidade-Icep), por exemplo. A dupla conquistou, em 1998 e 1999, o Prémio Look Elite para a Melhor Colecção, sendo igualmente distinguida com o Globo de Ouro “Personalidade de Moda” 99.
Manuel Alves e José Manuel Gonçalves desenharam uniformes para a VODAFONE, Fundação Calouste Gulbenkian, TAP e Câmara Municipal de Lisboa, assim como figurinos para cinema, teatro e bailado. Em 1998 inauguram uma loja no Hotel D. Pedro Amoreiras, destinada à comercialização das suas colecções prêt-à-porter de senhora, e, em 2003, arrancaram com a loja Alves/Gonçalves no Chiado. Também com colecções para homem, a dupla lançou em 2002 uma linha de cerâmica e uma linha de joalharia, esta última para a marca Splend’Oro.
Depois de Alves/Gonçalves, Anabela Baldaque apresenta a colecção “Winter Girls” que, segundo a própria, propõe um “ambiente sofisticado” e uma “atitude cool” para “mulheres divertidas, recheadas de conforto e preparadas para o Inverno”. Das criações da estilista portuense destacam-se os “casacos de pêlo desorganizado” e as “galochas, sapatos altos em contraste de peles, botins intensos.”. Tudo isto assessorado por leggings, soquetes e rendas. Trata-se, então, de “um exercício de sofisticação, aliado à pureza e à simplicidade”.
Segue-se Felipe Oliveira Baptista, com a colecção “The Pioneers”. O criador português radicado em Paris inspirou-se, desta feita, em “fotos de pioneiros, de amplas paisagens árcticas, de mamíferos polares de todas as espécies, de exploradores da primeira hora, de paisagens desérticas, de esculturas concebidas por Tatiana Trouve, de um nu em estratos de Pierre Bouchez, do corpo de Pina Bausch, do pêlo de um garanhão, de um busto “colorescente” fotografado por Nick Knight e do rosto do romancista J.B. Ballard”. A partir de todas estas imagens, Felipe Oliveira Baptista desenhou “um guarda-roupa multifunções, uma família de roupas polivalentes, adaptadas a todas as circunstâncias, tanto para o dia como para a noite. Assim se explicam, quando descodificados, os volumes que se orquestram à medida, os efeitos reversíveis, as incrustações de matérias em localizações strate-chic e as peças que se sobrepõem subtilmente, todas entre elas, reintroduzindo a noção de total look, para melhor servir uma silhueta cool, harmoniosa e mais contemporânea”.
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